Por: Vanessa Ruiz
O primeiro registro de "fã de esportes" que tenho na memória é das Olímpiadas de Seul, em 1988. Eu tinha três anos - não sei se há mesmo lembranças ou se as criei. Dois anos depois, a Copa do Mundo: Itália, 1990. Meu álbum de figurinhas se perdeu por aí, mas ele era da grossura de um volume de enciclopédia (é que eu e meus primos colávamos tudo com "grude", uma mistura espessa de água com farinha - não existia auto-colante naquela época)!
Foi em 1990 que começou meu interesse. Primeiro, pelo futebol. Depois, pela emoção da disputa de pênaltis e por Argentina x Alemanha. Em seguida, pela seleção brasileira. Às vezes leio textos de cronistas experimentados que versam sobre o amor à camisa canarinho. Então, penso na minha geração: aos nove, vi o tetra. Aos 17, o penta. Teoricamente, pratos cheios para incentivar o apego à seleção. No entanto, não foi o que aconteceu e isto me leva a concordar em um ponto com os tais cronistas: futebol é espetáculo; e exibição que não prende a atenção pode não perder público, mas afasta os fãs incondicionais.
Para quem começa a vida agora, o que desperta o interesse pela seleção não é a esperança de assistir a tudo o que os mais velhos assistiram e, sim, de que aquilo que vemos apenas raramente se transforme em seqüências e mais seqüências de belas jogadas.
Mesmo com tantas críticas, com os meios de campo embolados e sem criatividade, vivendo a era dos volantes de marcação e dos zagueiros, foi inevitável: começou a Copa América e lá estava eu, em frente à televisão, torcendo pelo Brasil ainda que de um jeito diferente. Torcendo para não sofrer com o sofrível futebol jogado, com as substituições confusas. Até que apareceu uma luz: cada vez mais velho, já com cara de adulto, bom saber que este ainda é aquele garoto que dribla como quem passeia pelas praias de Santos. Robinho vai ser pai, mas algo me diz que nunca será capitão. O olhar já tem mais peso, o corpo ganhou músculos, mas os pés e a cabeça continuam leves. Ainda bem! Nada contra nosso técnico como jogador, um líder de pegada, mas não teríamos sido campeões com um time de dungas.
Em tempo: nem com o parreiral de 2006 (este álbum, eu nem cheguei a completar).